Corinthians até joga bem, mas falta algo em algumas partidas

4 de out. de 2010

Nesse Campeonato Brasileiro, o Corinthians vem fazendo uma ótima campanha, muito graças ao excelente jogo coletivo e entrosamento da equipe. Desde o início da competição, ainda sob comando de Mano Menezes, o forte do time foi o trabalho em equipe.

Todos os jogadores têm responsabilidades defensivas. Os atacantes e meias sempre voltam para ajudar na marcação dos laterais e volantes adversários. Quando Roberto Carlos ou Alessandro sobe ao ataque e não consegue voltar à defesa a tempo, os volantes e, às vezes, até mesmo Elias e Bruno César, fazem a cobertura.

Esse estilo de jogo em grupo também predomina no ataque. Sempre com muita movimentação, o Corinthians troca passes no setor ofensivo, tentando achar uma brecha na zaga adversária por onde os volantes ou meias possam chegar de trás.

Há também muito entrosamento para se fazer as constantes trocas de posição. É comum de se ver Bruno César começando na direita, depois jogando mais centralizado, ou invertendo o posicionamento com Iarley (que sai da área para puxar a marcação e abrir espaços na defesa do oponente), etc. Ou então Jorge Henrique caindo pela ponta direita, depois na ponta esquerda, e terminando o jogo atuando mais como um meio-campista.

É um jeito muito bom de se jogar. Ao longo da história, muitas equipes se destacaram por esse jogo coletivo com bastante movimentação. O Carrossel Holandês de 1974 (o qual, infelizmente, eu só pude assistir por videotapes) revolucionou o futebol com seu estilo de coletividade e movimentação ao extremo (“futebol total”).

A seleção brasileira da Copa de 1970 é considerada por muitos a precursora da Holanda de quatro anos depois. Um bom exemplo disso é o gol de Gérson na final, contra a Itália, quando o volante inverteu seu posicionamento com Clodoaldo e avançou até a entrada da área, de onde marcou o gol.

Atualmente, o expoente máximo desse futebol coletivo é o Barcelona, campeão da Liga Espanhola e base da seleção da Espanha, campeã da Copa do Mundo.

Mas todos esses times citados têm algo que falta ao Corinthians: um jogador decisivo e habilidoso o suficiente para penetrar na defesa adversária quando o time não está bem. O Brasil de 1970 tinha Pelé; a Holanda de 1974, Cruyff; o Barcelona, Messi.

Em dois dos últimos três jogos, contra Inter e Botafogo (confesso que não consegui assistir ao jogo contra o Ceará, portanto não posso opinar sobre essa partida), o Corinthians enfrentou uma excelente marcação, de forma que não conseguia chegar com tanta facilidade à meta adversária. Até conseguiu criar chances de gol, como a do Paulinho contra o time carioca ou o chute de Bruno César no travessão contra o Inter. Mas o jogo não fluía como normalmente flui.

Nessas partidas, faltou aquele jogador capaz de sozinho desarticular o sistema defensivo do oponente. Bruno César, Elias e Jorge Henrique, no meu entendimento, até têm habilidade para isso, mas não conseguem executar com freqüência esse tipo de jogada que faz a platéia no estádio suspirar de admiração.

Entre os times postulantes ao título do Brasileiro, o Timão, embora tenha o melhor jogo coletivamente, é o único sem esse jogador que desequilibra a partida quando necessário.

Contra o Vitória, o Fluminense encontrava dificuldades, até que Conca colocou, com um passe espetacular, Rodriguinho na cara do gol para definir o jogo. O Cruzeiro tem Montillo, que está jogando muito bem. O Inter tem D’Alessandro, que é um pouco mais irregular, mas que também decide alguns jogos.

O jogo coletivo é muito bom. Mas não é o suficiente. É preciso que alguém no time também possa fazer uma jogada mais individual às vezes. Foi isso que faltou ao Corinthians nos últimos jogos. Espero que os pontos não ganhos nessas partidas não façam falta no final do campeonato.

0 comentários:

Postar um comentário

 
Coluna do Corinthians | por lennon alves ©2011